08/10/2009

o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!

O autor deste texto é João Pereira Coutinho, jornalista.

"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades. Hordas de amigos constituem as respectivas proles, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não.A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho
de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

6 comentários:

mjf disse...

Olá!
A tua ( agora minha) estrela chegou ao destino...é liiinnnda:=)
Ficou nun lugar bem visivel, todos os que entram...a admiram e acham linda:)))

Obrigada

Beijocas

made in ♥ love disse...

:S

Um beijinho
Eduarda
made in ♥ love

Galo disse...

Uma terrível realidade do nosso "mundo", que temos de combater a todo o custo. Incutir nos nossos filhos que a felicidade tem pouco a ver com aqueles sonhos todos.
O sonho é necessário. "O sonho comanda a vida", dizia o poeta. Mas não era a este tipo de pesadelo que ele se referia.
É difícil. Todos os dias tenho que admitir que é difícil resistir à lei imposta pelo "vil metal". Mas como "quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita", o melhor mesmo é chamar os filhos, desde muito novos, para a realidade da vida. Mostrar-lhes que o caminho da felicidade não passa, obrigatoriamente, pela posição social, pelo dinheiro, ou pelo "sucesso" ilusório que cria nas pessoas.
Depois é deixá-los seguir a sua própria "estrelinha" e aguentar os anseios.

Beijinho.

Carla disse...

A triste realidade nua e crua :)

Marco Rebelo disse...

Bom texto :)

mfc disse...

E não é o amor que faz mover tudo?!